segunda-feira, 21 de abril de 2008

A PROCURA DE PLATINHOS

Quem foi Platão, senão o primeiro e maior seguidor do pai da filosofia, Sócrates? Para seguir os ensinamentos e reflexões de seu mestre, Platão nada fez além de FILOSOFAR e registrar tudo que já tivera estudado.
Por que é, então, que os amantes de filosofia adoram explanar teorias já debatidas por antigos e reconhecidos filósofos, em vez de filosofar com bases nessas tais teorias? Por que filósofos contemporâneos usam tanta linguagem rebuscada? É possível que o ato de filosofar tenha morrido junto ao nascimento do narcisismo de pseudo-filósofos contemporâneos? Por vezes, já me peguei pensando como se sentiria Kant ao freqüentar o 4º semestre de um curso de filosofia numa universidade, atualmente. Entraria em depressão. Justo ele, que dissera em uma das suas mais marcantes citações que “O estudante não deve aprender pensamentos, ele deve aprender a pensar. Nós não devemos transportá-lo, mas ajudá-lo, se quisermos que seja capaz de encontrar seu próprio caminho.”
Deixando de lado sermões e críticas ao modelo de filosofia atual, gostaria de apresentar o verdadeiro objetivo desse blog, que é discutir e refletir a postura de alunos e professores diante de escolas regulares que incluem a filosofia em sua grade curricular.
Sou cineasta, contador de histórias e professor de teatro e filosofia em escolas regulares, trabalhando basicamente com crianças. Embora sempre costume a dizer que essas quatro atividades sejam uma só, interligadas absolutamente para o bom funcionamento de cada uma, atuo individualmente em todas elas.
Mas, o que eu gostaria de compartilhar nesse blog, são experiências e situações vivenciadas em sala de aula com meus alunos de filosofia. Pois acredito que incitar o exercício de reflexão com os pequenos “PLATINHOS” deva ser um caminho “multi-unilateral” para o seu crescimento.


Ficam as perguntas: crianças já têm maturidade para filosofarem? Já têm discernimento para questionarem algo? É possível que questionem antes de um longo e contínuo exercício de reflexão?

7 comentários:

jacqueline gimenez disse...

Mesmo excitada a começar o debate sobre as questões propostas, minha intenção não é essa.
Quero apenas registrar minha alegria com este blog, dizer que todos nós, profissionais e seres humanos, envolvidos com o processo educacional de crianças e adolescentes, precisamos com extrema urgência debater sobre essas questões tão necessarias e tão temidas por nós adultos escolarizados.
O questionamento é natural da infância, mas com o tempo acabamos por enquadrar, ou tentamos fazé-lo, com nosso atrasado contrato social, onde as dúvidas são saciadas com meias verdades ou com as verdades dos outros.
Educar é necessariamente tomar partido, questionar, ouvir e respeitar, abrir os ouvidos para ouvir outras versões, concluídas sob um olhar menos preconceituoso e mais "indisciplinado", o olhar das crianças.
Quando castramos este questionar, e o fazemos logo quando elas começam a dominar a fala, estamos impedindo que utilizem o poder de construir teorias e reafirmar suas experiências. È ai que precisamos da sutileza do estimulo mútuo. Ao invés de censurar devemos mergulhar nas reflexões, participar das viagens e das buscas, assim professores e crianças se tornam mais felizes e constrõem relações de afeto e respeito.
Evoé.

Anônimo disse...

Rívea Mary - Natal/RN

Achei maravilhoso o trabalho. Espero que continue escrevendo a respeito.
um abraço

Unknown disse...

Crianças serão amanhã o que aprendem nessa primeira fase da vida. Acredito que a filosofia tem o poder de formar melhores futuros cidadãos! Parabéns pelo projeto e que outros sigam seu exemplo!

Bruno disse...

Façam um exercício em salas de aula..falem com naturalidade de determinado assunto que por sua vez seja incabível para uma sala de aula e observem as expressões de seus alunos...a resposta se as crianças podem filosofar e/ou questionar,virá.
Plantar dúvidas na cabecinha das crianças é realmente um ótimo exercício filosófico...
Vale a pena...vamos ser formadores de opiniões e agentes reacionistas e transformadores capazes de despertar o auto-conhecimento nas pessoas que serão responsáveis pelo nosso dia seguinte...

As crianças podem filosofar...mas faço outra pergunta
Os adultos estão preparados para debater com as crianças??
Um abraço a todos
BRUNO

Unknown disse...

Olá! Em resposta às perguntas de abertura "crianças já têm maturidade para filosofarem? Já têm discernimento para questionarem algo? É possível que questionem antes de um longo e contínuo exercício de reflexão?" Arrisco a dar algumas respostas. Acredito que as crianças filosofem sim, mas com uma diferença em relação a nós que tivemos uma formação acadêmica, elas filosofam a partir das bases que elas tem e não com bases em n conceitos criados e discutidos ao longo da história do pensamento. Acredito que as crianças sejam como os filósofos pré-socráticos, desposjados de pré-conceitos, de bases conceituais, se admiravam com o mundo, o questionavam e procuravam construir sozinhos as bases para a sua compreensão da realidade e de si mesmos. As crianças tem discernimento sim para questionar, porque somente questionamos aquilo que já temos noção. Como já disse Jacque, é natural da infância o questionamento, o problema está em nós no momento de responder a estes questionamentos; pois, ao invés de responder nas bases delas, vamos fazer uso daqueles conceitos que pretendem enquadrar os seus questionamentos numa determinada visão de mundo. Aí o que acontece? Elas não entendem as nossas respostas, tampouco nós os questionamentos delas. As bases delas estão no cotidiano, na existência simples e despojada de elementos limitadores que a nós são "normais".
Sou filósofa mas não trabalho com crianças, acredito que seja maravilhoso, mas tenho uma pequena em casa que daqui alguns dias começará com todos estes questionamentos e me preocupo muito se conseguirei auxiliá-la neste processo ou se não serei mais um "facão" a limitar a sua capacidade de reflexão e construção da realidade com todo o academicismo que tenho que lidar todos os dias. Você tem alguma dica para que eu possa estimular ou, na pior das hipóteses, não limitar a Platinha que tenho em casa? Grande abraço!

Unknown disse...

Olá pessoal,
estou preparando uma monografia sobre "Filosofia para crianças"
Gostaría se possível,a colaboração de vocês...

e-mail- ml-pines@bol.com.br

Arlete disse...

Parabéns pelo excelente trabalho, tenho muito interesse acerca da filosofia para crianças e fiquei muito feliz por ter encontrado este blog, que farei questão de acompanhar sempre, a partir de hj!!