quarta-feira, 21 de maio de 2008

SOBRE LARANJAS

Olá, PLATINHOS e PLATÕES do mundo contemporâneo.

Qual é a lógica que explica a laranja ser a única fruta que não tem um nome, já que a mesma recebe o nome de uma cor? Cor essa, que muitas vezes não condiz com o nome que lhe atribuem, já que existem laranjas amarelas e verdes também. O fato é que, mesmo encontrando uma explicação científica que se refere à origem do vocábulo, o que ninguém consegue explicar é o porquê de não se existir um nome pra cor e outro pra fruta, levando-se em conta que a banana é amarela por fora, amarelada por dentro, mas ninguém chama a banana de “amarela”, pois essa fruta tem um nome só dela. Mas, enfim, nada é perfeito...

Ops...

Peraí...se nada é perfeito, então por que a palavra "perfeito" existe? Seria um vocábulo inventado com o objetivo de fazer as pessoas dizerem que nada é perfeito. Será? Mas vocês acham que iam inventar uma palavra só pra dizermos que ela não existe?

Não sei a resposta. Mas o importante é levar pra nossa sala de aula questionamentos que mesmo não tendo resposta, possam fazer com que nosso PLATINHO reflita sobre o assunto e assim, passe a, dia-a-dia, exercitar a sua capacidade de reflexão, que é o que fará dele um adulto questionador ou no mínimo, um alguém que leia sua realidade com mais atenção. Além disso, o que temos que objetivar é outra coisa, como diz Matthew Lipman, mais importante do que aproximar as discussões filosóficas do cotidiano de crianças, é aproximar o processo educacional do “filosofar”, o que implica em buscar meios para transformar as salas de aula em pequenas comunidades de investigação.


No nosso vídeo dessa semana, vocês assistirão a uma conversa de três PLATINHAS, que entre outras coisas, procuram descobrir uma explicação para a origem do nome da laranja. E vocês, PLATÕES que atuam em sala de aula, levem esses questionamentos aos seus PLATINHOS e tragam relatos de suas experiências.

Um grande abraço! E até a próxima quinzena!

sábado, 3 de maio de 2008

Tudo sobre minha avó

Com que idade você descobriu e/ou teve a feliz surpresa que o seu aniversário caía sempre na mesma data do dia que você tinha nascido? Você achou uma super coincidência? Pois eu achei. E é por esse motivo que me divirto muito, hoje em dia, ao perguntar a uma criança aniversariante o porquê de toda aquela folia, bexigas, brigadeiros, beijinhos, palhaços, presentes, etc. O diálogo já é comum e descrevo aqui o último, nessa última semana:

- Oi, Isa, tudo bem? Por que essa festa toda?
- Porque hoje é o meu aniversário.
- E o que é “o seu aniversário”?
- É essa festa, ué.
- E como é que agente escolhe o dia do nosso aniversário?
- Não é agente que escolhe, é mãe da gente, ué.
- Mas por que sua mãe não escolheu amanhã?
- Porque amanhã é sábado, né, tio? A escola não abre.
- Ah, entendi!
De fato, foi a mãe dela que (não deliberadamente) escolheu esse dia pra seu aniversário, mas sei que não foi disso que ela estava falando. Eu disse “ah, entendi” porque não queria bancar o professor chato que fica fazendo um monte de perguntas no meio da festa, impedindo a PLATINHA de pular na cama elástica ou mergulhar na piscina de bolinhas, mas se meu diálogo pudesse continuar sem neuras, as próximas perguntas seriam “Então se a escola abrisse de sábado o seu aniversário seria amanhã? E por que não, ontem? E por que não, todo dia? A gente não pode fazer aniversário, duas vezes ao ano? Por quê? E por que a sua mãe sempre escolhe um dia de frio pra fazer seu aniversário?
Depois de tudo isso, talvez minha doce PLATINHA Isabella, tentaria descobrir com sua mãe o porquê de tudo aquilo e talvez descobrisse, por exemplo, o motivo pela qual as pessoas lhe dão parabéns nesse dia, mesmo que você não tenha tido nenhum mérito que merecesse tal congratulação.
Isso nos deve levar a refletir, que muitas vezes nossos PLATINHOS são capazes de explicar minuciosamente o porquê e a serventia de várias coisas, mas se você pedir a ela que conceitue, ela não saberá. Isso acontece com muitas outras coisas. Mesmo conosco, PLATÕES, que, por exemplo, não entendemos porque chamamos “lanche natural” de “lanche natural” se, na maioria das vezes, o pão utilizado é industrializado; ou ainda, porque diferenciamos “água com gás” de “água sem gás” desta forma, se a “água sem gás” tem oxigênio e hidrogênio, que são dois gases. Portanto a “água sem gás” nada mais é, do que um líqüido composto única e exclusivamente por gases, mas é chamada de “sem gás”.
Outro questionamento muito comum que costumo fazer aos meus PLATINHOS, é pedir que eles conceituem ou pelo menos digam “o que é avó?”(essa discussão é o tema do vídeo abaixo). É impressionante. Eles dominam totalmente o assunto, sabem o que as avós fazem, pra que elas servem, sabem da sua importância, mas não sabem dizer porque ela é chamada assim. Isso lhes parece muito complexo.

Proponho então, aos PLATÕES que atuam com PLATINHOS (em filosofia ou não), que levem esses questionamentos para a sala de aula e traga de volta relatos de suas experiências.

Fica a pergunta: Qual é o momento certo para levarmos o conceito de certas coisas tão comuns ao universo infantil, como o nosso aniversário ou o nome que se dá a mãe de nossa mãe, aos nossos PLATINHOS? E esse papel, é nosso ou é da família?